A Justiça da Bahia iniciou nesta terça-feira (18) a fase de audiências do caso conhecido como "Golpe do Pix" no Fórum Criminal Desembargador Carlos Souto, em Salvador. Entre os principais réus estão o repórter Marcelo Castro e o editor Jamerson Oliveira, acusados de liderar o esquema criminoso que desviou mais de R$ 400 mil em doações feitas por telespectadores do programa "Balanço Geral", da Record Bahia.
O primeiro dia de audiência começou por volta das 9h40 e tinha previsão de ouvir 10 das 17 vítimas, além de testemunhas e os réus. No entanto, apenas oito vítimas foram ouvidas, o que levou ao agendamento de uma nova audiência para o dia 13 de março.
Segundo o BNEWS, uma das testemunhas ficou nervosa e pediu para não ficar frente a frente com Marcelo. O juiz Cidval Filho, da Vara de Crime Organizado, que conduz a audiência, determinou que Marcelo saísse da sala de depoimentos. Apesar do mal-estar, a vítima não precisou de atendimento médico e conseguiu continuar seu depoimento.
Os funcionários da Record Bahia, que foram chamados como testemunhas do caso, foram dispensados no final da tarde. A defesa dos réus também apresentou suas testemunhas para contestar as acusações. Marcelo Castro indicou cinco testemunhas, Jamerson Oliveira, três, Carlos e Thais, oito cada um, enquanto outros réus decidiram indicar testemunhas diretamente na audiência.
O esquema
Segundo o Ministério Público da Bahia (MP-BA), o grupo arrecadava dinheiro por meio de chaves Pix exibidas durante o programa da Record Bahia. No entanto, essas chaves estavam registradas em nome de pessoas ligadas ao esquema, e não das vítimas que realmente necessitavam das doações.
As investigações apontam que, entre 2022 e 2023, o grupo arrecadou R$ 540 mil, dos quais aproximadamente 75% (cerca de R$ 410 mil) foram desviados pelos integrantes da organização criminosa. O levantamento indicou que R$ 146,2 mil ficaram com Marcelo Castro e R$ 145,7 mil com Jamerson Oliveira, ex-editor-chefe do "Balanço Geral" e atualmente parceiro de Castro no programa "Alô Juca".
Uma das operações financeiras fraudulentas revelou que os acusados se apropriaram de mais de R$ 57 mil de um total de R$ 64 mil arrecadados em um caso específico, destinando às vítimas apenas pouco mais de R$ 6 mil.
A denúncia do MP-BA envolve 12 pessoas, que respondem pelos crimes de apropriação indébita, lavagem de dinheiro e associação criminosa. São elas: Marcelo Valter Amorim Matos Lyrio Castro, Carlos Eduardo do Sacramento Marques Santiago de Jesus, Jamerson Birindiba Oliveira, Lucas Costa Santos, Jakson da Silva de Jesus, Daniele Cristina da Silva Monteiro, Debora Cristina da Silva Monteiro, Rute Cruz da Costa, Gerson Santos Santana Junior, Eneida Sena Couto, Thais Pacheco da Costa, Alessandra Silva Oliveira de Jesus.
Três dessas pessoas chegaram a ter prisão preventiva decretada, mas a medida foi revogada. Apenas um deles, Carlos Eduardo, chegou a ser preso em dezembro de 2024, acusado de operar o esquema e ser titular de algumas contas bancárias onde os valores desviados eram depositados.
Em setembro, a Justiça determinou o bloqueio de bens de Marcelo Castro, Jamerson Oliveira e Lucas Santos, totalizando mais de R$ 600 mil, para garantir a reparação dos danos causados às vítimas.
Fonte: Mais Região